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(198)

24.08.20

"As pessoas consideram muitas vezes que a escrita de um romance começa pela ideia. A bem dizer, um romance começa, antes de mais, por uma vontade: a vontade de escrever. Uma vontade que toma conta de nós e contra a qual não há nada a fazer, uma vontade que nos desvia para tudo o resto. A esse desejo constante de escrever chamo doença dos escritores. Pode-se encontrar a melhor das intrigas romanescas, mas, se não houver a tal vontade de escrever, não se vai a lado nenhum."

 

Joël Dicker, "O enigma do quarto 622"

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publicado às 19:55

(196)

01.08.20

"Kafka escreveu, nos seus diários, que «um escritor que não escrever é um monstro a cortejar a insanidade». (...) Faz a ti próprio esta pergunta à maneira de Rilke: Preciso de escrever? E, caso a resposa seja positiva e sincera, então podes chamar a ti próprio «escritor«, mesmo que nada tenhas publicado."

 

João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor

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publicado às 21:26

(194)

01.08.20

"(...) existe alguma coisa na experiência de estar vivo que é particularmente difícil de assimilar para a hipersenibilidade do escritor. Se a escrita cumpre algum papel, é o de relativizar essa experiência, abarcando-a completamente."

 

João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor

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publicado às 21:21

(193)

01.08.20

" Na construção de uma narrativa, o escritor ocupa, de certa maneira, este lugar do divino. O teu silêncio deve ser tão cruel e repleto de amor como o silêncio de Deus. O(s) teu(s) protagonista(s) é/são responsável/eis pelas suas escolhas e deve(m) reconhecer as consequências das suas acções, mas nunca lhe(s) deves dizer porquê.

Não há nada que mate um livro mais depressa do que a justificação ou a exposição forçada.

Noutras palavras: a imanência, na qual existimos e trabalhamos, e sobre a qual trabalhamos, não carece de explicação. Se a tua prosa for verdadeira, nunca precisarás de dizer porquê. Apenas Quem, Como, Onde, Quando."

 

João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor

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publicado às 21:15

(192)

01.08.20

"No fundo, toda a ficção é inverosímil, pelo simples fato de não ter acontecido. Por outro lado, mesmo que tenham eventualmente acontecido, algumas histórias não são credíveis. Já todos ouvimos alguém dizer «parece mentira». (...) Assim é a ficção; assim funciona a arte. Ela não trata do que é real, mas do que é verdadeiro. E o verdadeiro não é necessariamente aquilo que aconteceu (embora possa sê-lo), mas aquilo que é mais necessário que que se fosse real. (...)

Confuso? Scott Fitzgerald disse-o melhor do que eu: « Um artista é alguém que consegue ter dois pontos de vista contraditórios e, ainda assim, continuar a funcionar.»

Se queres ser escritor, tens de aceitar esta profunda contradição. Por um lado, és um fingidor. Por outro, fingido, tentas chegar à verdade. Sendo, ao mesmo tempo, um ficcionista e um cidadão, tens i direito de fingir tanto quanto tens o direito (e também o dever) de não fingir (...)."

 

João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor

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publicado às 21:08

(191)

01.08.20

"(...) toda a ficção tem o seu quê de «científica» no sentido de provir de um planeta longínquo: os lugares mais recondidos da nossa alma."

 

João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor

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publicado às 21:04

(187)

26.07.19

"Chego a pensar que um pedaço de texto que se resolve em cinco minutos terá eventualmente mais de mim do que a letra duma canção, que me demora cinco meses. Mais de mim, por ter menos de mim a interpor-se-lhe no caminho. Eu apareço menos de permeio entre a ideia e a sua resolução, talvez as ideias se mostrem com mais transparência ao não serem forjadas no molde que se lhes depara à frente."

 

Penas de Pato, Miguel Araújo

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publicado às 19:31

(166)

09.08.16

"Porque é que escrevo? Porque os livros são mais forte do que a vida. São a mais bela das desforras. São testemunhos da muralha inviolável do nosso espírito, da fortaleza inexpugnável da nossa memória."

 

O Livro dos Baltimore, Joël Dicker, p. 548

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publicado às 12:57

(162)

07.07.16

" - Harry, como sabemos que um livro está terminado?

- Os livros são como a vida, Marcus. Nunca chegam a terminar."

 

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, Joël Dicker, p. 679

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publicado às 10:21

(152)

06.07.16

"- Se os escritores são seres frágeis, Marcus, é porque são capazes de experimentar duas espécies de dores sentimentais, ou seja, duas evzes mais que os seres humanos normais: os desgostos de amor e os desgostos de livro. Escrever um livro é como amar alguém: pode tornar-se muito doloroso."

 

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, Joël Dicker, p. 135

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publicado às 09:35

(151)

06.07.16

" - E o Harry, porque se tornou escritor?

- Porque esrever conferiu sentido à minha vida. Se ainda não reparou, a vida, de uma maneira geral, não tem sentido. A não ser que se esforce por lhe atribuir um e se bata em cada dia que Deus nos dá para alcançar esse objetivo. (...) Ser escritor é estar vivo. (...) No dia em que escrever conferir um sentido à sua vida, será um verdadeiro escritor. Até lá, sobretudo, não tenha medo de cair."

 

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, Joël Dicker, p. 106

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publicado às 09:32

(143)

21.01.16

"Às vezes escrever é como correr por uma colina abaixo, os dedos a saltar atrás de nós sobre o teclado, tal como as pernas fazem quando já não conseguem acompanhar a gravidade."

 

Fangirl, Rainbow Rowell

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publicado às 16:54

(134)

29.07.15

"JRS [José Rodrigues dos Santos] - Quando estamos a ler uma obra traduzida estamos a ler o autor ou o tradutor?

 

JS [José Saramago] . Eu creio que antes que chegue a essa tradução já houve outra que é a do próprio autor. O autor é um tradutor.

 

JRS - Em que sentido?

 

JS - Em que sentido? É alguém que traduz um sistema se sinais: emoções, pensamentos, sonhos, devaneios. Isso é um trabalho de tradução porque tudo isso constitui uma linguagem que, se não encontrar uma forma comunicável de transmitir, fica cá dentro da cabeça de cada um de nós."

 

José Rodrigues dos Santos, Conversas de Escritores

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publicado às 14:11

(133)

29.07.15

"Escrever é estar só com o manuscrito durante muito tempo, é estar com personagens fictícias, desistir de si mesmo, ouvir os personagens. Quando se consegue elaborar um primeiro esboço, ou talvez um segundo esboço de um personagem fictício, estes personagens inventados passam a ter vida própria. Já muitas vezes me senti como um instrumento durante o processo de escrita, porque os personagens começaram a mandar e tive de ter cuidado para eles não me fugirem."

 

Günter Grass, em Conversas de Escritores de José Rodrigues dos Santos

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publicado às 14:03

(132)

29.07.15

"JRS [José Rodrigues dos Santos] - A Isabel [Allende] ensinou Literatura em três universidades americanas, incluindo a Universidade de Berkeley, na Califórnia. Qual era a coisa mais importante que dizia aos seus alunos.

 

IA [Isabel Allende] - Que escrevessem. Que escrevessem todos os dias, pelo menos uma página boa, o que significa escrever dez páginas más. Mas escrever, escrever. Isto é como o atletismo. Não podemos competir nos Jogos Olímpicos se não treinarmos. O treino não vem de ninguém; temos de ser nós a fazê-lo, para exercitar os músculos. Do mesmo modo, com a escrita, ler e escrever tem de ser uma obsessão para que possaconverter-se um dia num texto publicável."

 

José Rodrigues dos Santos, Conversas de Escritores

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publicado às 13:59

(130)

29.07.15

"O que diz um escritor quando lhe pomos um microfone diante da boca? A resposta é simples: coisas interessantes. Os escritores são pessoas que têm opiniões pensadas a propósito dos mais variados temas; podemos discordar do que dizem, mas é preciso reconhecer que exprimem geralmente considerações profundas sobre a escrita, o mundo e a vida."

 

José Rodrigues dos Santos, Conversas de Escritores

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publicado às 13:55

(126)

09.01.15

"Para mais - e é aqui que bate o ponto -, ninguém tem o menor respeito pelo trabalho de escrita. As pessoas coíbem-se de interromper quando um carpinteiro, de fita em riste e língua apertada entre os lábios, vai tirando as suas medidas. Respeitam o mecânico ou o canalisador que está estirado no chão. Acautelam-se quando o empregado do supermercado começa a contar os iogurtes. Até vão ao ponto de respeitar um advogado quando este maneja carrancudamente os seus túrgidos códigos. Eles estão a trabalhar. Mas quando alguém se encontra sentado a uma mesa a escrever coisas de literatura, toda a gente se sente com o direito à interrupção. Conta-se que a velha criada de Alexandre Herculano, quando um jornalista curioso lhe perguntou o que fazia o mestre desterrado em Vale de Lobos, respondeu: «Não faz nada. Nadinha. Passa os dias a ler e a escrever.» Este preconceito popular de que escrever não é trabalhar encontra-se muito disseminado e chega a contaminar atitudes supostamente mais sofisticadas."

 

Mário de Carvalho, Quem disser o contrário é porque tem razão

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publicado às 11:00


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