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Dos livros aos filmes, passando pelos blogs. As frases que me marcam.
"Kafka escreveu, nos seus diários, que «um escritor que não escrever é um monstro a cortejar a insanidade». (...) Faz a ti próprio esta pergunta à maneira de Rilke: Preciso de escrever? E, caso a resposa seja positiva e sincera, então podes chamar a ti próprio «escritor«, mesmo que nada tenhas publicado."
João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor
"Faulkner disse acerca de Hemingway: «Que se saiba, ele nunca usou uma palavra que fizesse o leitor ir ao dicionário.» Hemingway interpretou isto da seguinte maneira: «Pobre Faulkner. Será que ele julga mesmo que as grandes emoções nascem das grandes palavras?".
João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor
"(...) existe alguma coisa na experiência de estar vivo que é particularmente difícil de assimilar para a hipersenibilidade do escritor. Se a escrita cumpre algum papel, é o de relativizar essa experiência, abarcando-a completamente."
João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor
" Na construção de uma narrativa, o escritor ocupa, de certa maneira, este lugar do divino. O teu silêncio deve ser tão cruel e repleto de amor como o silêncio de Deus. O(s) teu(s) protagonista(s) é/são responsável/eis pelas suas escolhas e deve(m) reconhecer as consequências das suas acções, mas nunca lhe(s) deves dizer porquê.
Não há nada que mate um livro mais depressa do que a justificação ou a exposição forçada.
Noutras palavras: a imanência, na qual existimos e trabalhamos, e sobre a qual trabalhamos, não carece de explicação. Se a tua prosa for verdadeira, nunca precisarás de dizer porquê. Apenas Quem, Como, Onde, Quando."
João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor
"No fundo, toda a ficção é inverosímil, pelo simples fato de não ter acontecido. Por outro lado, mesmo que tenham eventualmente acontecido, algumas histórias não são credíveis. Já todos ouvimos alguém dizer «parece mentira». (...) Assim é a ficção; assim funciona a arte. Ela não trata do que é real, mas do que é verdadeiro. E o verdadeiro não é necessariamente aquilo que aconteceu (embora possa sê-lo), mas aquilo que é mais necessário que que se fosse real. (...)
Confuso? Scott Fitzgerald disse-o melhor do que eu: « Um artista é alguém que consegue ter dois pontos de vista contraditórios e, ainda assim, continuar a funcionar.»
Se queres ser escritor, tens de aceitar esta profunda contradição. Por um lado, és um fingidor. Por outro, fingido, tentas chegar à verdade. Sendo, ao mesmo tempo, um ficcionista e um cidadão, tens i direito de fingir tanto quanto tens o direito (e também o dever) de não fingir (...)."
João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor
"(...) toda a ficção tem o seu quê de «científica» no sentido de provir de um planeta longínquo: os lugares mais recondidos da nossa alma."
João Tordo, Manual de Sobrevivência de um Escritor