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Dos livros aos filmes, passando pelos blogs. As frases que me marcam.
"A um espírito liberal, porém céptico, como era o seu, ocorria-lhe várias vezes a frase de despedida que lhe dissera o administrador da roça Porto Alegre, a primeira que ele visitara: quem fez o mundo foi Deus e não os homens. Foi ele que fez os ricos e pobres, pretos e brancos, e certas coisas, na obra divina, não está ns mãos dos homens alterar. Com efeito: certas coisas não poderiam nunca ser mudadas. Mas também, «com efeito - como declarara na Assembleia Francesa o seu ídolo Victor Hugo - declaro que haverá sempre infelizes, mas que é possível deixar de haver miseráveis."
Equador, Miguel Sousa Tavares
"- Nunca mais a vejo?
- A mim? Não sei. Quem sabe? Os que não morrem encontram-se, não é verdade?
(...)
- Não, não basta estar vivo. Depende de como se está vivo. Não se encontra só o que se encontra, mas também o que se procura. Nós não somos folhas levadas pelo vento, não somos animais à deriva. Somos seres humanos, com uma vontade própria."
Equador, Miguel Sousa Tavares
"Era um homem livre: sem casamento, sem partido, sem dívidas nem créditos, sem fortuna nem apertos, sem o gosto da futilidade nem a tentação do desmedido. O que quer que El-Rei tivesse para lhe dizer, para lhe propor, para lhe ordenar, a última palavra seria sempre sua. Quantos homens conhecia ele que se pudessem gabar do mesmo?"
Equador, Miguel Sousa Tavares
"- Claúdia, não precisas de falar só porque vamos calados. A coisa mais difícil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas é o silêncio."
No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares, p. 97
"(...) desisti há muito de entender os deuses, de achar um significado humano para a desordem instaurada pelo divino. Sei apenas, no que aos homens diz respeito, que ficam eternamente jovens os que morrem jovens."
No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares, p. 13
"Eu sei que algures, mais adiante na minha vida, hei-de encontrar quem esteja em casa à minha espera quando eu chegar. Sim, eu sei, está escrito, é sempre assim. Mas era agora que eu queria não sentir este vazio, não te sentir tão distante, tão longe do deserto. Queria só dar um sentido à nossa viagem. Já sei, já sei que nada dura para sempre - só as montanhas e os rios, meu sábio. Mas o que fomos nós um para o outro: apenas companheiros ocasionais de viagem? Com o tempo contado, com tudo previamente estabelecido e com prazo de validade previsto à partida? Foi só isso, diz-me, foi só isso o nosso encontro? Não ficou mais nada lá atrás, não deixámos nada de nós os dois no deserto que atravessamos?"
No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares, p. 111